o acaso me trouxe até aqui
digo:
presente! aqui estou!
eu que nada sabia sobre o mundo até abrir o primeiro sorriso
desde então este mundo e eu nos queremos
como dois amantes que já se tornaram velhos conhecidos
seguindo de mãos dadas
o desejo ainda intenso de vida pela frente
tanto ainda por fazer!
quem vive pelos sentidos percebe o sentido do que vive em todas [as coisas
as mãos sempre prontas à ação
hábeis ou inábeis, não importa!
a arte não é nada?
minha resposta é o fazer e o refazer
o trabalho é minha música
seja audível ou inaudível
todo som tem sua frequência
e cedo ou tarde por alguém é captado
no ar fresco que sopra lá fora tudo existe e se completa
em tudo que respiro
sinto a presença:
arte-nada
a regra que me rege
meu não
um grande sim
ao mundo que é o mundo
[R.M.]
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Hans Arp [1886-1966] em fotografia de 1922
"Duas cabeças" [1927]; óleo e barbante s/ tela; 35 x 27 cm