domingo, 28 de junho de 2009

Varvara Stepanova



O CCBB - Centro Cultural do Banco do Brasil aqui do Rio inaugurou recentemente a exposição Virada Russa, apresentando 123 obras que recriam o clima artístico da Rússia pré-revolucionária, os primeiros anos da utopia soviética e o “retorno à ordem” stalinista.
Aproveito a oportunidade para publicar aqui um poema que escrevi em 2007 para Varvara Stepanova [1894-1958], artista plástica, cenógrafa, figurinista e designer que viveu intensamente o período. Stepanova redigiu, com seu companheiro Aleksandr Rodtchenko, o Programa do primeiro grupo de trabalho dos construtivistas  e, juntamente com os demais artistas ligados ao grupo, encarnou os ideais da vanguarda artística revolucionária que compreendia sua atividade criadora como uma intervenção concreta na sociedade, e o “objeto artístico” um modelo a ser compreendido e não “obra de arte” a ser contemplada.


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Stepanova fotografada no ateliê por A. Rodtchenko + com Rodtchenko em foto de 1920 + reunião do grupo construtivista + cenário e figurinos para o espetáculo teatral "The Death of Tarelkin", de V. E. Meyerhold; 1922 + trabalhando em uma estampa para tecido, em foto de Rodtchenko, 1924.



elegia construtiva para varvara stepanova

cabeça
compasso
mão

pensamento
ferramenta
ação

desenhodesígnio

mundo
homem
construção

tudo ligado
ao todo

arte
arte
arte
em toda parte
até deixar de ser
[p]arte


[ R.M. ]

quinta-feira, 25 de junho de 2009

vão

Anne Arden McDonald; s/título; fotografia
.



a mim
me basta um porto
inseguro
um ponto no escuro
um vão
em teus braços





[R.M. ]

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Agradeço à poetamiga Betina Moraes a captura afetiva e a publicação, que muito me honra, no seu Redoma http://redoma.weebly.com/redoma-masculina.html

+ Betina Moraes
http://betinamoraes.blogspot.com/

que nada

Jean Cocteau; "Astrologie"

me descubro
dois

:

o que nada

sabe

o que mergulha

nada
sabe

.

no fundo
somos
nós

apenas

soma
e
sós



[ R.M. ]

quarta-feira, 24 de junho de 2009

por um fio

grafite s/ papel; s/d [R.M.]

domingo, 14 de junho de 2009

noturno outra vez

R.M.; matisse n.o 2; fotografia digital; 2007

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quanto tempo perdido

penso

e penso no que é pensar nisso
tão tarde da noite
da vida

amores irreconhecíveis
irreconhecidos

coisas assim acontecem

dizem

o tempo é sóbrio em acertos
somos traços, não flechas

então seguimos

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[ R.M. ]