segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

poemas do catavento


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[ primeiras palavras do catavento ]




vai voando
rapidinho passarinha
vôo livre
linhas soltas passarinha
vôo certo
tempo curto passarinha
que o dia é breve
pra tanto pouso passarinha


.


[ primeiros cataventos em palavras ]


catavento de fulô
gira quando sopra
o vento do meu amor



.

cata vento
cata sopro sentimento
cata vento
cata capta o momento
cata cada elemento
cata tudo quanto é vento
cata rápido cata lento
cata até pensamento
cata vento é moinho
cata vento é torvelinho
cata vento meu amorzinho
cata capta teu jeitinho
cata cata e desata
cata rio cata nuvem
cata pedra no caminho
cata dia e noite e dia
cata e gira com carinho

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[ liú bliú! ]




normamor
norma mora
no meu coração

norma flor
flor aflora
flor de paixão

cor da flor
flor de amor
cor coração




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palavra que lavra
perdura
meu sentir
suave
dentro de mim
à volta tua
ainda circula



.


Se somos um e dois
importa guardar o um
de cada um de nós.

Se somos um em dois
o dois em nós
é nosso bem comum.







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Teu jardim


Teu jardim
meu amor
é lugar onde cultivo
o melhor de mim.
Teu jardim
minha cor
é mais que chão
solução
de sutil equação:
viver além de mim.
Teu jardim
minha flor
é onde me jogo
semente
querendo somente
ser teu
enfim

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hoje é noite
é de festa junina

balão baião
paçoca quentão

queria comigo
moça londrina

balão baião
paçoca quentão

mas... ai, que frio!
ela pode vir não...

balão baião
paçoca quentão

hoje é noite
é de festa junina...


.





Moça-cor

A moça acorda
e vê e sente a cor do dia.
O dia tinge de cor a cor da moça
e ela toda
furtacor
de cor se finge:
cromacamaleoa
vive em si a cor oração
na coloração do dia.


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passarinha poeta
palavra voa
vôo lento
quietinho
quentinho
voa adentro
fazendo ninho
aqui dentro
de mim



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de dar dó
a saudade que sinto
dó de xodó
xodó de domingo



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[ sentidos ]




Norma e a esfinge

de tudo que olhas
teu olhar sente e indaga
tateia
e tatua
o mundo
teu olhar
adaga negra e profunda
em tudo que pousa
estranha
se entranha
mergulha fundo
cheiro
sabor
cor
tato
em tudo teu olhar é ato
em tudo se faz presente de fato
teu olhar
sabe que não se sabe nada sobre
assim a tudo que tinge e toca
rasga
corta
perfura
sin jamás perder la ternura
teu negro olhar de menina
sabe e ensina
se tudo que é também se finge
nenhum saber é sábio
só o sabor vence a esfinge.



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o fruto

a partir da tela
“Women with Mangoes”,
de Paul Gauguin


o fruto se sabe
simples lúcida verdade
o fruto é todo corpo
e carne e entranhas
o cheiro bruto a escarnecer de essências
o fruto é
(sim)
essencial
não se apraz em platônico enlace:
ao invés: abandona-se aos bocados
sobrevive no partir
e vai-se
em sacro ofício de si
submerge em sementes
na terra escura



.

tua
palavra
certa
tua
palavra
seta
tua
palavra
acerta
em cheio
o meio
de nós



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[ 4 poeminhas pelo celular ]


nuvens são árvores
suspensas
em louca revoada

pedras são nuvens
cansadas
longe de casa

.

fim de tarde
luz indo
luzindo leve
tingindo
ares de domingo
no dia que se esvai

.

movimento
lento
respira
dentro

tempo
silêncio
em torno
denso

.

enquanto o dia
nasce
e segue
seu caminho
meu rio
leve
levado por lembranças
reflui:
guardo tua presença


.

Todos os poemas para
Norma O.

passarinha,
céu de melancia,
pérola rubi,
onomacentopéia,
lagartixa-macunaíma,
fio d'olhos d'água,
luz dos olhos negros,
dona moça,
vagas estrelas,
porta-bandeira...

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R.M.


2007 - 2008

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Um comentário:

Clarice Villac disse...

Raul,

todos os textos aqui são de Arte,
raros, especiais.
Catavento de Fulô é muito lindo mesmo.
Parabéns !

Que a Vida preserve sempre sua Alegria, Ternura & Sabedoria, a se espalhar em Poesia !

:~)

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