Elegia
I
A distância,
amiga, não é doce
como o vinho...
Sorvo agora,
em um rubro cálice,
saudades tuas
e em teu corpo
penso. E o perfume,
inebriante
alma das horas,
alento dos convivas,
a mim me toca
como ausência
dolorosa e triste,
de luz vazia...
Amada, teu bem
ainda não é o meu.
O coração da vida
não se alcança
apenas em palavras...
Inda que belas,
são como o gelo:
formas limpas, perfeitas,
a querer d’água
a fluidez, o
fluxo – e o destino:
se perder no mar...
Assim, desejo
a sublime ventura:
ao amar, ir – e
no Amor, chegar;
em teus braços saber
o que é nadar...
amiga, não é doce
como o vinho...
Sorvo agora,
em um rubro cálice,
saudades tuas
e em teu corpo
penso. E o perfume,
inebriante
alma das horas,
alento dos convivas,
a mim me toca
como ausência
dolorosa e triste,
de luz vazia...
Amada, teu bem
ainda não é o meu.
O coração da vida
não se alcança
apenas em palavras...
Inda que belas,
são como o gelo:
formas limpas, perfeitas,
a querer d’água
a fluidez, o
fluxo – e o destino:
se perder no mar...
Assim, desejo
a sublime ventura:
ao amar, ir – e
no Amor, chegar;
em teus braços saber
o que é nadar...
II
Mas, ainda aqui,
nada sei do teu corpo
senão miragens ...
E, só, caminho
por vales, planícies
desertas e vãs,
enquanto sobram
as horas e os dias
desalentam-se,
entorpecendo –
me como o vinho, já por
demais sorvido
em tosco rito -
pálido arremedo
a Dioniso.
A taça, leve,
e a garrafa, oca,
são oferendas
mínimas – e o
deus exige além:
enovelar-se,
extenuado,
preenchendo o vazio
entre corpos nus,
abeberar-se
da seiva acridoce
dos sexos, quente
como o sangue nos
corações... E, só então,
consagrar os dois
amantes, dourar
seus corpos e untar
suas almas sãs.
nada sei do teu corpo
senão miragens ...
E, só, caminho
por vales, planícies
desertas e vãs,
enquanto sobram
as horas e os dias
desalentam-se,
entorpecendo –
me como o vinho, já por
demais sorvido
em tosco rito -
pálido arremedo
a Dioniso.
A taça, leve,
e a garrafa, oca,
são oferendas
mínimas – e o
deus exige além:
enovelar-se,
extenuado,
preenchendo o vazio
entre corpos nus,
abeberar-se
da seiva acridoce
dos sexos, quente
como o sangue nos
corações... E, só então,
consagrar os dois
amantes, dourar
seus corpos e untar
suas almas sãs.
III
Amiga: tua
distância, agora,
é aura onde
faço cálida
morada. Entre tantas
és a única
por que anseio:
por teu nome eu peço,
por teu hálito,
aqueço; sendo
um, enlouqueço; dois,
me reconheço...
Ah! Se pudesse,
agora, sentir de ti
o sumo prazer,
o inefável
toque que imagino,
apenas! Tremo,
e o frêmito
que me corre inteiro
é sombra frente
ao real sentir,
ao túrgido turbilhão!
Mas, espero - e
a alma é mar,
sopra o vento, vago...
E trago em mim,
por sob a pele,
o brilho das estrelas
frias, distantes...
- Enquanto guardo
o mergulho profundo
que ensaio, só.
distância, agora,
é aura onde
faço cálida
morada. Entre tantas
és a única
por que anseio:
por teu nome eu peço,
por teu hálito,
aqueço; sendo
um, enlouqueço; dois,
me reconheço...
Ah! Se pudesse,
agora, sentir de ti
o sumo prazer,
o inefável
toque que imagino,
apenas! Tremo,
e o frêmito
que me corre inteiro
é sombra frente
ao real sentir,
ao túrgido turbilhão!
Mas, espero - e
a alma é mar,
sopra o vento, vago...
E trago em mim,
por sob a pele,
o brilho das estrelas
frias, distantes...
- Enquanto guardo
o mergulho profundo
que ensaio, só.
Chama
as
asas
voam
e
são
tantas
as flechas
as flamas
os nomes
do
amor
que
a cada vôo
se me jogo inteiro
e me perco em tudo que me cerca
sinto que o mais em mim não me sustenta
(que sou muito mais que meu coração agüenta)
e volto ao solo, ao chão, ao colo de um deus desequilibrado e trôpego...
asas
voam
e
são
tantas
as flechas
as flamas
os nomes
do
amor
que
a cada vôo
se me jogo inteiro
e me perco em tudo que me cerca
sinto que o mais em mim não me sustenta
(que sou muito mais que meu coração agüenta)
e volto ao solo, ao chão, ao colo de um deus desequilibrado e trôpego...
soma
z o n a e s cu r a
z o n a e s cu r a
d a c o n s c i ê n c i a
z o n a l u z
z o n a p ó s
d e t u d o u m p o u c o
e u m i x a d o a o t o d o
r e v e r e n c i o
o c o r p o
a t r a m a
a s o m a
o c o i t o
.
Extático balé
Qual serpente
dulcíssima e negra
[que à luz do dia se recolhe em corpo]
do teu ventre
parte o movimento
linha súbita
espiralada e crescente
pura grafia
alfabeto constelar transcrito em gestos a desvelar aparências:
a matéria se quer última semente
ponte sutil
entre tantos mundos existentes.
Qual serpente
dulcíssima e negra
[que à luz do dia se recolhe em corpo]
do teu ventre
parte o movimento
linha súbita
espiralada e crescente
pura grafia
alfabeto constelar transcrito em gestos a desvelar aparências:
a matéria se quer última semente
ponte sutil
entre tantos mundos existentes.
.
[R.M.]
Nenhum comentário:
Postar um comentário