Nestes inícios, não tinha a preocupação de respeitar a tradição da divisão do poema em versos de 5, 7 e 5 sílabas, mas procurava escrever a partir de experiências vivenciadas, o que contemplava duas outras regras clássicas: referir-se a um evento particular e apresentar tal evento como “acontecendo agora”, e não no passado. Mais recentemente me propus a escrever respeitando a metrificação clássica e, acredito, este exercício tem resultado em poemas que julgo mais consistentes. Estes últimos estão aqui publicados a seguir, intitulados uns; os mais antigos são os outros.
Para os leitores que tiverem curiosidade em saber mais sobre os haicais, indico duas fontes na internet:
Caqui – Revista Brasileira de Haicai
http://www.kakinet.com/
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Terra redonda
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Logo ali, o mar.
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A alma - lama
nas águas de janeiro
me lavo - leve.
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Da chuva que cai
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Meu coração
desenho: Mônica Sartori; "Sinuosidades" [ * ]
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outros
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Cadeiras de plástico:
na de madeira, solitária,
o gato.
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Rugas que contam histórias -
quanta beleza no teu rosto,
mulher!
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Quarto vazio:
minha companhia
lhe agrada?
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É apenas uma mulher
mas já não vejo
floresárvores.
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Vestida de azul
ela cruza as pernas e abre um livro.
[A beleza é uma coisa simples]
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Nem o sol do meio-dia
desfaz a névoa
do meu coração!
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Branca borboleta
me aponta o vermelho
em meio o verde.
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Presente dado
a quem está ausente:
dela me lembro.
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Uma árvore... e ninguém por perto!
Por quê não?
Infância perdida...
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À beira do riacho
penso mergulhar em sua corrente
minha memória pesada.
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Triste a cabeça
repleta de pensamentos:
peneira fina.
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A luz
se acende
depois do happy end.
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No topo da montanha,
a surpresa:
ainda falta para o céu!
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O buda
sob a lâmpada:
duplamente iluminado.
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noitevaranda
enquanto estrelas
mimetizam pirilampos.
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Teu silêncio -
morno - e o mar
em torno.
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[R.M.]
[ * ] Mônica Sartori é representada pela Galeria Anna Maria Niemeyer
http://www.annamarianiemeyer.com.br/
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