I
som e fúria
apenas
almas pequenas
ideias simples
às massas de todas as classes
deus
pátria
família
inclusão
nosso nome em vão
amém
palavras de ordem
unidas
sujeitos ocultos
devotos em fila
sorrisos supérfluos
em cartaz
II
o mar à vista
advirá
um dia
se a vida flui veloz
por si
só o tempo não opera
o rio e suas margens
somos nós
.
[R.M.]
+ imagem Joseph Beuys [1921-1986]; 7.000 carvalhos, escultura social apresentada na Documenta de Kassel, 1979 [foto: Guenter Beer]
Poema dedicado à Étienne de La Boétie [1530-1563]
som e fúria
apenas
almas pequenas
ideias simples
às massas de todas as classes
deus
pátria
família
inclusão
nosso nome em vão
amém
palavras de ordem
unidas
sujeitos ocultos
devotos em fila
sorrisos supérfluos
em cartaz
II
o mar à vista
advirá
um dia
se a vida flui veloz
por si
só o tempo não opera
o rio e suas margens
somos nós
.
[R.M.]
+ imagem Joseph Beuys [1921-1986]; 7.000 carvalhos, escultura social apresentada na Documenta de Kassel, 1979 [foto: Guenter Beer]
Poema dedicado à Étienne de La Boétie [1530-1563]
14 comentários:
Cultivemos nossas mudas, que embora miúdas, se bem cuidadas florescerão.
Cheiro
trilha sonora pra tua poesia:
http://www.youtube.com/watch?v=yRv34Cat3Vw
gostei muito! abço
virá amigo raul,
enquanto não nasce na lama a flor que muda o destino de um terreno infértil, seu poema faz raízes por dentro de nossas cabeças.
um verso muito importante e belo.
um abraço forte, professor!
A consciência social aliada à literatura produz essa singular capacidade de transformar o abjeto em arte e beleza, sem deixar de lado a crítica.
Almas pequenas se vendem e são compradas a preço de banana.
beijos!
Que texto forte. Senti-me segurando a pá e abrindo trincheiras...
Encantada com seus escritos e seus olhares! Obrigada pela visita!
Abraço,
obrigado pela visita ao Folhas no Caminho, e parabéns pelo blog!
Da imagem: confesso uma intensa alergia ao Beuys. Até imaginei uma série de trabalhos que chamaria "Odeio Beuys", bobagem que, felizmente, não levei adiante. Rs. Mas ele é bem melhor do que muitos xamãs que andam por aí, cheios de retórica vazia.
Gostei bastante do poema. Desconfio que, socialmente, o que há de vir será sempre um logos cultural que nunca incluirá realmente o indivíduo irredutível, sempre tragado pelo devir, mas fazendo uma barulheira danada enquanto desaparece. Som e fúria apenas.
Grande abraço.
Angélica, Márcia, Betinamiga, Lúcia, Pérola, Cláudia e Keila:
Agradeço os comentários! Demorei a responder e, nesse ínterim, acabei mudando e reescrevendo o poema - perdão, isso faz com que alguns trechos de comentários se refirama partes do poema que não estão mais nele nem aqui... Na verdade, depois de postar, fiquei instisfeito com ele, acho que a segunda parte não tem a mesma força da primeira nem dialoga como contraponto, como eu desejava... Enfim, coisas que a velocidade da internet acarreta,a gente tem essa facilidade de tornar público, imediatamente, algo que poderia ser mais trabalhado. Pensei mesmo em excluí-lo mas, sinceramente, os comentários de vocês me fizeram mudar de idéia. É aquele velho porém verdadeiro chavão: quando o que fazemos vai pro mundo, não é mais nosso, é de quem se apropria dele!
Abraços, bons caminhos a todas!
Dhanapala,
grato pela retribuição!
Abraço, bons caminhos...
Marcantonio:
Não sei se é a isto que se refere, mas acho que existe, sim, uma questão por demais autorreferencial na obra do Beuys que pode ser de difícil integração.
Mas seu comentário me fez lembrar do "Apagando De Kooning", acho que é do Robert Rauschenberg, expressando esse tipo de relação amor e ódio que pode ocorrer entre artistas...
Abraços e grato pelo comentário!
raulamigo,
fez bem em nos deixar o verso!
obrigada pela generosidade. :)
Raul
há um tempo longe, me surpreendi (muito) positivamente com o blogue.
Os textos são refletores, amigo.
Um abraço,
Marcio.
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