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quanto tempo perdido
penso
e penso no que é pensar nisso
tão tarde da noite
da vida
amores irreconhecíveis
irreconhecidos
coisas assim acontecem
dizem
o tempo é sóbrio em acertos
somos traços, não flechas
então seguimos
.
[ R.M. ]
"Os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo." Ludwig Wittgenstein
Países que têm o português como língua oficial: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor Leste. Macau é uma Região Administrativa Especial chinesa.
8 comentários:
raul,
a definição de sermos traços atingiu mais do que flechas.
tem bastante impacto para a interpretação a palavra posta longe do ponto.
"tão tarde da noite
da vida"
é a lâmpada acesa dentro daquela casinha que vemos de passagem na estrada de mato que vai para o interior, quando viajamos a noite. solidão. é bem a sensação que temos ao ver que alguém resiste ali. e talvez ali também se esteja pensando no quanto é inútil pensar tão tarde da noite (da vida).
imagens.
o fato de ser noturno com o destaque do "outra vez" deixa intenso o "quanto tempo perdido". são frases que levam juntas uma mesma conclusão.
"amores irreconhecíveis
irreconhecidos"
a tragédia moderna comum entre os que se relacionam nos moldes dos ritos do amor:
somos todos entranhos uns para os outros, não conhecemos e não nos conhecem. não queremos realmente conhecer e não somos realmente conhecidos.
(alguns poucos ainda resistem e querem entrar pelas portas do universo do outro mas são impedidos pelas trancas do que é "indivisivelmente" individual..)
é fatal para a existência de um sentimento tão independente química e espiritualmente que sejamos asseados, educados, privados, prevenidos e reservados uns com os outros...
"então seguimos" e o ponto final está colocado longe da última frase. ou seja, muitos noturnos virão antes de chegarmos a uma satisfação com as respostas, com o amor, com a vida.
muito bonito.
grande abraço!
turning point
no turno certo
outra visão
no tempo encontrado
vai se anunciando
a claridão
harmonia vislumbrada
em flashes de percepção
ouço,
compreendo
atendo
a intuição
no turno oportuno
reinvento o momento
então seguimos
.
Clarice Villac
(em reflexo ao 'noturno outra vez' do amigo Raul Motta)
16.06.2009
Depois de dois comentários tão extensos e ricos, restou-me apenas dizer o quão bonito me soou seu poema...
Passearei, um pouco mais, pelo seu blog. Um abraço.
Betina,
teu texto é mais que comentário - é olhar: precisão sensível.
Atento aos detalhes, expande o todo para além do que ele mesmo sabia de si.
A palavra que me cabe ganha horizontes - e já não caibo mais em mim.
Preciso, o outro - meço.
À precisão do outro - agradeço.
Preciso do outro - reconheço.
Abraços,
bons caminhos pra ti.
Claramiga Clarice!
A melhor resposta a um poema é um outro poema – isso apreendi de um daqueles mestres que temos a sorte de ter como professores.
Tua reinvenção confirma.
Um poema é momento construído momento a momento: toda uma vida e agora: Kronos e Kayrós...
“Turning point”: ressoam metáforas, aberturas.
Mas teu poema [também] é oásis, colo, abraço e toque: vida que segue! “Que pode haver de maior ou menor que um toque?” [Walt Whitman]
Grato pelo toque em forma de poemamigo, amiga!
Renata,
a presença
atenta
já é um presente
e tanto.
.
Grato pela visita-passeio!
P.S.: Vou passear pelo teu blog também! Uma espiadinha só e já gostei do nome: sonoro de derreter na boca...
Vim conferir se "há palavra" nova
(risos)
e agradecer sua visita em meu blog!
Abração!
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