quarta-feira, 15 de julho de 2009

Paulo Sérgio dos Santos Machado

Paulo Sérgio; "Estrelas e Corações"; hidrocor s/ papel; s/d

“Meu nome é Paulo Sérgio dos Santos Machado. Nasci em 27 de agosto de 1954, no Rio de Janeiro, Brasil. Moro no Méier. Gosto de samba, pagode, forró, bossa nova, praia, esporte, amor, gosto de paz, carinho, da responsabilidade, do capricho, da dignidade, gosto do respeito, gosto de viajar, da honestidade, gosto das coisas boas, da sinceridade, gosto das boas pessoas, sou católico, gosto de pensar positivo, de imaginar positivo, gosto da vida, gosto deste mundo lindo e encantador, sou uma pessoa amiga, gosto da gentileza e também gosto da bondade, gosto da felicidade e das boas relações.
Satisfação,
Tudo de bom.”

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Não sei porque, mas hoje me lembrei do Paulo Sérgio.
Paulo Sérgio dos Santos Machado é um artista desconhecido, o que nem sempre quer dizer desimportante – pois os poucos que o conheceram, conhecem e conhecerão com certeza souberam, sabem e saberão reconhecê-lo em sua verdadeira dimensão e escala: humana, demasiadamente humana.
“Nada do que é humano me é estranho” é outra sentença nietzscheana. E Paulo Sérgio é um dos que podem dizer que viveram um pouco mais intensamente o que se oculta nesta frase. Nos seus desenhos e pinturas, Paulo Sérgio é todo luz; na vida, vive o paradoxo de saber que “toda luz projeta sua sombra.”
Do texto que escrevi para sua exposição Constelações do Universo de um Ser Humano [nome e sobrenome resultantes de um acordo entre nós, pois eu havia sugerido apenas “Constelações” e ele fez questão de acrescentar o sobrenome...], em 2003, na Galeria do Centro Cultural da Uerj, rememoro alguns trechos:

“Nos trabalhos aqui expostos, elementos recorrentes articulam uma vontade de ordem, equilíbrio e beleza [...] que se apóia quase sempre na simetria para compor uma imagem simultaneamente estabilizadora e energética do mundo e da vida. [...] as linhas se organizam como que para capturar e transcrever a imanência de forças invisíveis [e] plasmam essas forças de uma inequívoca materialidade.”
“[...] Paulo Sérgio constrói uma obra pessoal moldada pelos ideais clássicos que sempre associaram a contenção e o equilíbrio à harmonia, e esta, à beleza; mas uma obra igualmente marcada pelo dinamismo barroco de uma geometria suntuosa, quase fantástica. Assim, por essas artimanhas inerentes ao fazer artístico, sempre a nos lembrar que a verdade da arte é diferente da verdade da vida, Paulo Sérgio, que tanto preza as certezas da simetria, por meio da tensão resultante dessa articulação de opostos presentes em suas obras, nos confronta com a incerteza e a indeterminabilidade.[...]”
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Há tempos não vejo Paulo Sérgio. Nem ao menos sei se ele continua entre nós. Mas agora sei completamente porque me lembro dele hoje: para falar um pouco de luz e de mergulhos, de belezas medidas e desmedidas.
Fica aqui a homenagem ao artista que conheci como estagiário nas Oficinas Terapêuticas do Hospital-Dia Ricardo Montalbam, do Hospital Universitário Pedro Ernesto, quando cursava minha graduação. Além das lembranças da convivência por mais de dois anos, guardo até hoje o desenho reproduzido no início da postagem, o mesmo escolhido por ele para ilustrar a capa do folder e que gentilmente me foi ofertado como agradecimento pelo trabalho que realizamos, conjuntamente, de curadoria e montagem de sua exposição.

2 comentários:

Renata de Aragão Lopes disse...

Uma mandala
sem contornos
e com cantoneiras.
Que bonito!
Um abraço,
doce de lira

há palavra disse...

Renata,

Paulo Sérgio desenhava mesmo bonito! Sempre imaginei os desenhos virando vitrais, se alimentando de luz...

Abraço grande pra ti, bons caminhos!