quinta-feira, 26 de agosto de 2010

fazer-se




I


o gesto
define
conforma
o corpo

a mão que molda
sente e
sabe:

em espírito somos todos
irmãos
iguais
mas
à matéria

[justa medida de todas as coisas]

cabe a lida
diária
cotidiana:

ser em si
sentir-se
doar-se
doer


.






II



deixa o lastro
e dança

o peso
acalma

leve
o
abandono






[R.M.]

imagens: esculturas de Gleide Almeida

18 comentários:

ANGELICA LINS disse...

O gesto pesado da matéria me enfadou... Preciso do descanço que apenas meu espírito pode me dar -recolhendo-se.

É sempre bom vir aqui.
Beijo

há palavra disse...

Angélica,
grato por mais esta presença, pelo comentário mais que sensível.
Como o corpo, a palavra também é e vive essa contradição: lastro do invisível e ausência do visível...
Abraços, bons caminhos!

Francisco de Sousa Vieira Filho disse...

A.prece.ando aqui pro.fundo.a.mente a em.forma.ção de em.bel.lezar quem vê a ponto de querer voltar... :)

nydia bonetti disse...

dançar conforme a música
conforma corpo e alma

tua poesia nos faz mais leves, raul. bjo.

Cris de Souza disse...

Sua lira é digna de releitura.

Beijo, poeta!

Anônimo disse...

Raul, que arraso. Pensa em publicar em livro? Deveria.

Marcantonio disse...

Admirável. Dualismo em que a matéria
arca com a carga da dor da individuação e o espírito se dilui na igualdade, na indistinção. (II) é incrível, mesmo que não dialogasse com a imagem. Ocorreu-me que "leve" pode adjetivar e também ser verbo.

Abraço.

Jorge Manuel Brasil Mesquita disse...

Somos todos passageiros
sem passagem
para o infinito da beleza.
Aspiramos a fumaça do tempo
e secamos o sangue vertido
nas sombras do passado
esquecendo que somos
cinzas
do futuro que não vem
sem a certeza do sou.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Lisboa, 27/08/2010

Renata de Aragão Lopes disse...

Lindos versos, Raul!
De uma leveza singular.

Beijo,
Doce de Lira

[ rod ] ® disse...

O gesto para ser atuante precisa de formas brutas. Da causa perdida que faz e desfaz a mente sã!

Abs meu caro.

Clarice Villac disse...

Oi, Raul !

Tem um selinho pra você lá no ponto de luz !

http://claricevillac.blogspot.com/2010/09/blog-de-ouro.html

:~)

João A. Quadrado disse...

[da mão resta o universo inteiro que a palavra soube ler]

um imenso abraço,

Leonardo B.

Ke disse...

meu blog é esse agora.
não uso mais o Atrás das Córneas.
bejo :}r

controvento-desinventora disse...

Que delícia de poema. Uma delicadez cruel, mas verdadeira. Amei

Lucia M. Ghaendt-Möezbert disse...

Que estranho é o ser humano, esse animal bípede com polegar opositor que não só ama, chora e sofre, mas que também pode fingir amar, chorar e sofrer. Que estranho que a morte nos bata à porta e nos leve desfazendo o infinito de uma existência breve. Pensando bem, definitivamente a poesia potencializa o tal do infinito.

Anônimo disse...

Matéria, justa medida de todas as coisas...
Legal isso, pq o espírito a alma, os mundos paralelos, existentes ou não, tudo, mas tudo mesmo acaba aqui, na matéria. Se manifesta na matéria.
Gostei muito

Paula Pires disse...

Caro Amigo,

Quanta poesia em um blog só! rsrsrs O mundo precisa se inspirar em pessoas como vc para que possamos torná-lo melhor!!!

Paula Pires disse...

Nooooossa, quanta poesia num blog só! rsrsrsr. Sinto-me revigorada!!! Nos inspirando em gestos como esse é que podemos tornar o mundo melhor!