segunda-feira, 11 de junho de 2012

de mal a melhor




melhor a esmo
que mais do mesmo

melhor desfeito
que prato feito

melhor tentado
que bem pensado

melhor sentido
que sentado

melhor ca
indo
que parado





[r.m.]

+

imagem
Raul Motta; "toda vez que eu dou um passo meu mundo sai do lugar" [*]; grafite sobre papel, s.d. 
[* do verso da música de Siba e a Fuloresta]

segunda-feira, 28 de maio de 2012

tenras




já nascido se apresenta o mundo

a cada abraço
o sonho dos outros
tatua a tua pele

já nascido se apresenta

desde a mais perfeita infância
memórias atávicas brincam no quintal

já nascido

te pegam pela mão
entranhas
coração



[R.M.]

+

imagem
Raul Motta; "Sim, eu sei"; grafite sobre papel, s.d.

sábado, 26 de maio de 2012

A mais-valia não acabou, seu Claudionor



Essa é pra não tocar no rádio...


Letra: Raul Motta e Rui Ruiz


A vida inteira eu andei na contramão
Lutei
Acreditei
No fim da opressão
Mas meus heróis não morreram de overdose
Aceitaram a esclerose
Agora jogam todos o jogo do sistema
Tudo vale a pena quando a alma se apequena

Eles não estão nem aí
Sem limites no poder
Quem sabe faz a hora   
Vale tudo pra vencer

A decadência generalizada
Agora é civil
A esquerda quem diria
Endireitou o Brasil
Vence na vida quem diz sim
300 picaretas é coisa do passado
Bandido bom é bandido aliado

Eles não estão nem aí
Sem limites no poder
Quem sabe faz a hora   
Vale tudo pra vencer

Socialista ou socialite
Onde está a diferença
Ideologia eu quero uma pra vender
Cooptado ou resistir até morrer?
Nunca antes neste país
O poder foi tão feliz
A mentira a um palmo do nariz

Eles não estão nem aí
Sem limites no poder
Quem sabe faz a hora   
Vale tudo pra vencer


+

imagem
Encenação de "A Mais-Valia Vai Acabar, Seu Edgar", de Oduvaldo Vianna Filho [1936-1974]; Teatro de Arena da Faculdade de Arquitetura da UFRJ; Rio de Janeiro, 1960

domingo, 20 de maio de 2012

Confluências: Clarice Villac




integração -

raízes & escadas...

transmutação -

coração em camadas...



.



Poema de 
Clarice Villac
para 
"Figura
gravura em metal [água forte] 
de
Raul Motta



+

Clarice Villac

Diálogos: Luiza Maciel Nogueira

Desenho de Luiza Maciel Nogueira






a lágrima diz
do mar dentro da gente - 
marés da alma.



[R.M.]



.



haicai para o desenho 
de 

quinta-feira, 3 de maio de 2012

ser e ter

por inteiro
a parte
que me cabe

por à parte
tudo
que não cabe



[r.m.]

domingo, 29 de abril de 2012

bicho-homem

o desejo quer sabor
a fome só quer saber
do comer

a fome
direta
arco e seta
mira
se atira
atinge a meta

o desejo
sinuoso
profundo
vai ao osso
busca
o tutano do mundo

fome é desejo sem lastro
desejo é fome sem nome
mas se a fome é de todo bicho
o desejo é todo do homem

e como soube -
desde sempre - o bicho-homem:

o que é do desejo
a fome não come



[R.M.]

sábado, 28 de abril de 2012

cinquenta

bati de frente
no muro
dei de cara
comigo

achei o que procuro

o muro não é espelho
o mundo não é abrigo




[r.m.]

quarta-feira, 25 de abril de 2012

p.s.

falada
escrita
lida
todos os caminhos levam à palavra
vida



[r.m.]

segunda-feira, 16 de abril de 2012

aflora

louca a vida
ainda mais profunda
à flor da pele



[r.m.]